Já enfrentou muitas dificuldades para fazer grandes mudanças na sua vida?
Muitas vezes traçamos uma meta audaciosa e metemos os pés pelas mãos na tentativa de alcançar o que idealizamos. Isso acontece porque não vamos ao cerne do problema, mas há como fazer isso.
Pense num efeito dominó. Uma única peça derrubada leva todas as outras consigo. É assim que grandes mudanças devem acontecer: atacamos um hábito com grande influência nas nossas vidas e capazes de alterar outros em cadeia. A ideia pode parecer abstrata, mas vejam o exemplo do que aconteceu com a gigante Alcoa no fim da década de 1980. Um ex-burocrata do governo americano, chamado Paul O’Neill assumiu o comando da companhia em 1987. Ao contrário do que era esperado pela maioria dos investidores em Wall Street, ele não assumiu a liderança com o típico discurso padrão sobre melhorar os resultados e aumentar os lucros. A chave do seu primeiro discurso como CEO foi o compromisso em garantir que a empresa se tornasse referência em segurança do trabalho. De início, o discurso surpreendeu a todos e o mercado reagiu com receio, muitos duvidavam que aquela postura pudesse alavancar os lucros e o crescimento da Alcoa. No entanto, foi esta decisão tomada por O’Neill que fez com que a companhia crescesse em qualidade, produtividade e que, em alguns anos, aumenta-se em praticamente cinco vezes os valores das ações da mesma.
Mais do que deixar os funcionários mais seguros, o líder conseguiu alterar a cultura organizacional da empresa, ou seja, promoveu uma mudança que trouxe várias outras em cadeia. Alterar os processos de segurança fez com que a produtividade melhorasse – tendo em vista que a empresa passou a ter menos baixas com funcionários feridos – permitiu identificar processos que estavam comprometendo a qualidade do produto final, como máquinas defeituosas ou rotinas que desperdiçavam matéria-prima, bem como criou uma cultura em que funcionários de todos os patamares da hierarquia pudessem se comunicar de forma ágil.
O caso de sucesso é descrito no livro “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg, e o processo é descrito como a alteração de um hábito angular. A definição é dada para hábitos fortes, que são capazes de influenciar vários outros. De início, pode parecer complicado identificar quais são os hábitos que cultivamos que possuem tanto poder. O segredo para isso é focar em pequenas vitórias.
Durante a sua gestão, O’Neill deparou-se com um acidente com um funcionário que precipitou-se em tentar fazer o reparo de uma máquina e acabou morrendo durante a tentativa. O fato fez com que ele mobilizasse toda a equipa e identificasse as falhas que resultaram no desfecho fatal. Fez questão também de realçar que aquela morte tinha sido responsabilidade dele e de todos na cadeia produtiva. A partir dali, com as mudanças implantadas para que um acidente semelhante não acontecesse novamente, a empresa passou por um longo período sem acidentes. O resultado foi comemorado com memorandos espalhados por todas as unidades ressaltando que os funcionários estavam a ter sucesso não só em prevenir acidentes, mas em salvar vidas.
Realçar as vitórias diárias foi o gatilho para que os funcionários se empenhassem em processos cada vez mais seguros. As promoções dentro da empresa só ocorriam para aqueles que obedecessem os padrões de segurança. Com o tempo, a preocupação com segurança tornou-se um hábito para os membros da EMPRESA. Um hábito poderoso é capaz de fazer a empresa crescer em diversos outros aspectos.
Se a sua empresa não está a alcançar os resultados que esperava, é o momento de rever os hábitos que estão a ser implementados de maneira desnecessária e que precisam ser reformulados. Promover uma pequena transformação, mas com potencial de gerar um efeito dominó noutros hábitos, pode alcançar grandes feitos. É impossível fazer grandes transformações de um dia para o outro, mas é perfeitamente viável alcançar grandes metas pensando a longo prazo e atacando os problemas com pequenos passos.
Comments